
Sendo claro para todos que um mandato político confere representatividade aos governantes para agir em nome dos governados, isto porque quem manda só manda porque foi mandatado por quem é mandado (para além de todas as concepções filosóficas inerentes a esta discussão primordial), instituiu-se, neste canto ibérico a que se usou nomear por república, renovar ciclicamente o dito mandato.
Antigamente (e quem aqui diz antigamente poderia dizer outra coisa qualquer), o governante escutava o seu povo, os seus anseios, preocupações, louvores (se os houvesse!), sendo guiado pelo Bem para reger a nação segundo o melhor para o seu povo. (Nem sempre o que queremos é o melhor para nós, mas isto são outros quinhentos que para o resto não interessa).
Hoje, há eleições de 4 em 4 anos e só aí é o povo chamado a dar de vaia aos governantes. Ou melhor, dar de vaia é como quem diz, tão somente colocar um pequeno papel dobrado em quatro numa urna, quando a há. No resto do tempo, nada do que vai na 'alma lusitana' importa.
Mas não deveria importar?
Posto isto cabe perguntar porque são limitados os mandatos (referindo-me aqui à limitação individual e não no seu conjunto, como hoje em dia ocorre com os dois dos Presidentes da República)? A resposta é simples e clara: para que, ciclicamente, os governantes sejam obrigados a prestar contas a um povo que, no resto do tempo, é absolutamente ignorado (mas não o deveria ser - e quase sempre o é).
Assim, de X em X tempos há eleições, uma forma também de impedir que alguém se eternize num determinado cargo sem confiança popular. Mas se há eleições de X em X tempos, significa que um mandato tem a duração máxima de X. Não pode ser mais. Mas pode ser menos.
Na entrega de um trabalho académico, o facto do deadline ser a um determinado dia, não impede que o entregue antes do final do prazo.
Bem como se o prazo de validade de um iogurte terminar a 18 de Outubro, não significa que o tenha de ingerir no próprio do dia 18.
No caso de um mandato político, até convém que o mesmo seja levado até ao fim, apesar de, esclareça-se, nada obstar que não o seja.
Este é, pois, o meu entendimento das coisas.
E se é 'o meu', é evidentemente pessoal.
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