sábado, 17 de outubro de 2009

Deadline

Começo a minha colaboração neste blogue esclarecendo de imediato uma coisa: a Drª Manuela Ferreira Leite deve levar o mandato até ao fim. Não havendo, porém, espaço neste post para explicitar as razões que me levam a dar esta opinião, achei por bem esclarecer tudo isto logo de princípio, a fim de evitar interpretações do texto que por ora publico. Tal prende-se com o mandato em geral, não este especificamente.

Sendo claro para todos que um mandato político confere representatividade aos governantes para agir em nome dos governados, isto porque quem manda só manda porque foi mandatado por quem é mandado (para além de todas as concepções filosóficas inerentes a esta discussão primordial), instituiu-se, neste canto ibérico a que se usou nomear por república, renovar ciclicamente o dito mandato.
Antigamente (e quem aqui diz antigamente poderia dizer outra coisa qualquer), o governante escutava o seu povo, os seus anseios, preocupações, louvores (se os houvesse!), sendo guiado pelo Bem para reger a nação segundo o melhor para o seu povo. (Nem sempre o que queremos é o melhor para nós, mas isto são outros quinhentos que para o resto não interessa).
Hoje, há eleições de 4 em 4 anos e só aí é o povo chamado a dar de vaia aos governantes. Ou melhor, dar de vaia é como quem diz, tão somente colocar um pequeno papel dobrado em quatro numa urna, quando a há. No resto do tempo, nada do que vai na 'alma lusitana' importa.
Mas não deveria importar?

Posto isto cabe perguntar porque são limitados os mandatos (referindo-me aqui à limitação individual e não no seu conjunto, como hoje em dia ocorre com os dois dos Presidentes da República)? A resposta é simples e clara: para que, ciclicamente, os governantes sejam obrigados a prestar contas a um povo que, no resto do tempo, é absolutamente ignorado (mas não o deveria ser - e quase sempre o é).

Assim, de X em X tempos há eleições, uma forma também de impedir que alguém se eternize num determinado cargo sem confiança popular. Mas se há eleições de X em X tempos, significa que um mandato tem a duração máxima de X. Não pode ser mais. Mas pode ser menos.

Na entrega de um trabalho académico, o facto do deadline ser a um determinado dia, não impede que o entregue antes do final do prazo.
Bem como se o prazo de validade de um iogurte terminar a 18 de Outubro, não significa que o tenha de ingerir no próprio do dia 18.

No caso de um mandato político, até convém que o mesmo seja levado até ao fim, apesar de, esclareça-se, nada obstar que não o seja.

Este é, pois, o meu entendimento das coisas.
E se é 'o meu', é evidentemente pessoal.

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